O Retrato de Dorian Gray


Terminei, neste final de semana, de ler O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.

Sobre este livro, tenho vários comentários, análises, críticas, enfim.

Até então, eu tinha uma bronca comigo mesma por nunca ter lido uma obra de arte tão importante como esta.

Sim, porque este não é um mero livro, é uma verdadeira obra de arte. É primoroso.

Talvez para quem já leu eu esteja sendo óbvia aqui, mas não posso deixar de expressar meu encantamento com a obra. É simplesmente genial.

A princípio, achei a história meio fraca, confesso. Nos primeiro capítulos, fiquei me perguntando quando é que o enredo iria, de fato, engrenar. Mas, depois, percebi que a história em si é o de menos. As reflexões trazidas pelo autor, especialmente nas falas de Lord Henry, é que são o grande trunfo do livro.

Por várias vezes, os diálogos entre ele e Dorian Gray me tiraram o fôlego.

O humor ácido e quase sempre cruel de Lord Henry, suas afirmações debochadas e muito profundas, foram o que realmente me encantou.

Algumas frases são tão arrebatadoras que, por diversas vezes, parei para reler, fiquei refletindo. E ainda levei algum tempo para  assimilar.

Apesar de a linguagem ser bastante rebuscada, até por ser um livro escrito em 1890 e cuja história se passa na Londres do Século XIX, não é difícil de compreender, e chega até a deixar o texto mais interessante.

A única coisa que eu senti falta, na verdade, foi uma explicação melhor sobre a relação sobrenatural entre Dorian e o retrato. Por outro lado, acho que não faria grande diferença, de qualquer maneira, já que, embora pareça, não é esse o mote.

O que o livro destaca é o quanto a vaidade excessiva pode transformar e corroer uma pessoa. E só depois de muito tempo é que Dorian percebe o quanto, por ter se tornado um narcisista egocêntrico, transformou-se também em alguém completamente vazio.

Estou evitando entrar em muitos detalhes, pois não quero acabar publicando spoilers aqui, em respeito a quem ainda for ler o livro (e recomendo que quem não leu ainda, leia!).

Mas, sobre o final da história: eu achei um pouco previsível. Não achei que efetivamente o livro fosse terminar assim, mas achei que Dorian tomaria essa atitude cedo ou tarde. No fim das contas, era a única opção que ele tinha.

Sei que foi feito um filme sobre essa história, mas as críticas que li foram todas negativas. Alguém aí já assistiu? Estou com medo de ver o filme e uma produção mal feita acabar interferindo na imagem que criei mentalmente a partir do livro.

Só para exemplificar um pouco do que estou dizendo, vou reproduzir aqui algumas das citações que me chamaram a atenção:

Somos castigados por nossas renúncias. Cada impulso que tentamos aniquilar germina em nossa mente e nos envenena. Pecando o corpo se liberta do pecado, porque a ação é um meio de purificação. Nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso. O único meio de livrar-se de uma tentação é resistir a ela. Se lhe resistimos, as nossas almas ficarão doentes, desejando as coisas que se proibiram a si mesmas, e, além disso, sentirão desejo por aquilo que umas leis monstruosas fizeram monstruoso e ilegal.
 
As mulheres defendem a si mesmas atacando, assim como atacam por meio de repentinas e estranhas submissões.
 
Toda vez que um homem faz uma coisa nitidamente estúpida, é sempre pelos mais nobres motivos.
 
Quando somos felizes, somos sempre bons, mas quando somos bons nem sempre somos felizes.
 
Há sempre qualquer coisa de ridículo nas emoções das pessoas que deixamos de amar.

E uma das minhas preferidas:

Quando procuramos sobressair, criamos sempre inimigos. Para ser popular é necessário ser medíocre.

Estas são algumas… o resto, só lendo o livro mesmo. E recomendo, de verdade!


Comente!

4 pensamentos em “O Retrato de Dorian Gray