Numa segunda qualquer, ela se foi.


Ela foi embora num dia chuvoso de outono. O clima lá fora proporcionava a medida exata de melancolia para aquela despedida silenciosa.
Não perdeu muito tempo fazendo as malas. Levou consigo só o essencial.
Partiu exatamente às sete da manhã. Deixou a porta encostada, e as chaves em cima da mesa. Um gesto sutil, mas com uma mensagem implícita.
Saiu sem fazer alarde. Mas sua partida não era exatamente uma surpresa. Sua alegria já havia ido embora bem antes.
Ela nunca foi dada a longas discussões. Falava muito mais com o olhar que com palavras.
Sem olhar para trás, com os passos firmes que lhe eram característicos, seguiu de cabeça em pé, pronta para enfrentar a chuva e todas as outras intempéries da vida.
Ela sempre achou que sua presença era irrisória, mas a verdade é que sua ausência é avassaladora.

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