Há um tempo venho observando como os títulos, os pronomes de tratamento, as nomenclaturas dos cargos e toda forma de valorização pessoal é absurdamente importante para algumas pessoas.
Tem gente que já não se apresenta mais pelo nome. Primeiro diz a profissão. “Sou o engenheiro Fulano”.
Ou, para piorar, embute no nome um pronome de tratamento. “Sou o doutor Beltrano”.
Eu sei que em alguns casos, devido a convenções sociais e coisa e tal, tem-se por hábito tratar determinados profissionais por “doutor”. Mas, hoje em dia, a coisa banalizou de tal modo que todo mundo quer ser tratado assim – e aí se inicia a eterna guerra do “doutor é quem tem doutorado”.
Enfim, não é nesse mérito que quero entrar.
Meu ponto aqui é o seguinte: quanto o cargo ou a profissão significa na vida de uma pessoa? Porque eu não sou a “jornalista Mayara”, nem nunca me apresentei assim – obviamente, salvo em momentos profissionais em que realmente eu precisei me identificar, a fim de obter uma entrevista, por exemplo.
Em qualquer outra ocasião, eu sou a Mayara. Esse é o nome que meus pais me deram. Ser jornalista é meramente a minha profissão, que é apenas um dos infinitos aspectos da minha vida. É um dos elementos que me compõem. Minha profissão, ou onde eu trabalho, não é o que me define. Ou, pelo menos, não deveria ser.
Conheço gente que coloca o título ou a profissão até mesmo no nome do Facebook. “Fulano de Tal Arquiteto”, ou “Professor Sicrano”. Quem nunca viu algo assim?
Calma, gente, não tenho nada contra nenhuma profissão! Mas, realmente não entendo essa supervalorização do cargo, do título, enfim…
Isso até me lembra aqueles tempos antigos, em que a pessoa se apresentava pelo nome de seu pai: “Eu sou Adamastor, filho de Aroldo”…
Brincadeiras e ironias à parte, esse é um comportamento que eu sempre achei muito estranho. Por que não podemos, simplesmente, simplificar as coisas e sermos nós mesmos, reservando a pompa e a circunstância para os momentos que as exigem?
Por que eu não posso ser a mesma Mayara tanto na mesa do bar quanto nas festas de família, e reservar o cargo de “jornalista” para os momentos em que estiver trabalhando?
Você não precisa ser o “doutor Fulano” no futebol, nem no churrasco com os amigos. Isso não faz de você uma pessoa melhor, nem mais bem quista. Talvez, até passe um ar de arrogância…
E longe de mim querer ditar aqui o certo e o errado, mas vim apenas trazer minha humilde reflexão sobre uma das infinitas manias desse bicho estranho chamado ser humano que volta e meia me inquietam.
Acho que tem a ver com a importância e a influência do trabalho na vida (não estou dizendo que quem não coloca é porque não dá importância). Lá na minha Bio do twitter falo do meu trabalho. Não consigo desvincular vida pessoal de vida profissional. Acho que tem a ver com isso. Talvez seja um problema, ou não. Minha vida é meu trabalho. Sou o mesmo no trabalho, no boteco e dormindo, mesmo o foco diferente em cada situação. Você me deixou confuso, Mayara.
Então, Juliano, é que eu vejo diferente… Minha vida não é meu trabalho. Meu trabalho é parte da minha vida. Assim como o profissional é parte da pessoa, e não o contrário. Pelo menos, eu enxergo dessa maneira…
Quanto a falarmos do nosso trabalho nas redes sociais, acaba sendo inevitável, afinal, se estamos falando de todos os aspectos da nossa vida, o trabalho é uma delas. Mas eu, particularmente, procuro desvincular ao máximo meu blog, o twitter, o meu facebook do meu trabalho.
Obviamente que a nossa vida profissional, em dados momentos, se sobressai, mas acho que não devemos nos limitar a isso…
Bom, não sei se me fiz entender… heheheheh