“Escrevo, logo existo”


Houve uma época em que escrever era uma coisa corriqueira para mim. Eu via uma cena, ouvia uma citação ou acordava com uma música na cabeça, e pronto: lá vinham frases e mais frases. Textos e mais textos. Sentava em frente ao computador e as ideias jorravam. Ou nem precisava de computador. Perdi as contas de quantas vezes acordei no meio da noite e busquei papel e caneta para escrever algo que estava martelando as ideias.

Porém, nem sempre é assim. Às vezes, a criatividade e a inspiração me abandonam. E uma das poucas coisas que sei fazer minimamente na vida tende a se tornar uma tarefa penosa.

E isso ocorre por diversos motivos. O primeiro deles é que eu sou extremamente exigente comigo mesma. Em tudo. E principalmente no que se refere à escrita. Sou tão autocrítica que nunca acho que meu texto está bom o suficiente. Se eu o reler mil vezes antes de publicar, certamente vou alterá-lo mil vezes. Depois que publico, releio e já não gosto mais do que escrevi (de novo). É sempre assim.

O segundo motivo é que, infelizmente, eu me sinto cada vez menos livre para me expressar. As pessoas andam tão inflamadas ultimamente que tudo parece uma ofensa mortal. Nunca sei se uma gíria inocente que eu usar ou uma expressão irônica soará ofensiva para alguém. Às vezes, escrevo algo tão meu, tão particular, e de repente surge gente com pedras por todos os lados, sem eu ao menos ter tido a intenção de criticar quem quer que fosse.

Escrever é um mecanismo de sobrevivência para mim, é minha válvula de escape. Mas, às vezes sinto que nem isso é respeitado. É constante a sensação de que tudo que eu disser pode e será usado contra mim a qualquer momento. Aliás, já passei por isso, e não apenas uma vez. Gente mal intencionada consegue distorcer qualquer coisa quando está em busca de confusão.

E essa soma de fatores está redundando numa insegurança absurda (em sentido amplo) no momento em que eu penso em escrever. O grande problema é que sentir que eu não posso me expressar é como se me colocassem numa prisão. Pensar em deletar outro blog, depois de tantas horas de dedicação e de tanta vida traduzida em palavras, me mata um pouco por dentro.

Mas, pode ser que este humilde espaço na imensidão da interwebs venha a deixar de existir em breve… Infelizmente para mim.


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Um pensamento em ““Escrevo, logo existo”

  • Ricardo Nunes Barbosa

    Não acho que deveria deixar de escrever, as vezes as pessoas se armam a toa mesmo, mas vc é responsavel pelo que escreve não pelas coisas que as pessoas acham que vc escreveu. E pense pelo lado bom, se tem gente reclamando é pq estão lendo e achando bom pq continuam a ler…