Aquele momento em que te perguntei as horas, numa banca de jornal, na manhã de uma segunda-feira qualquer, foi o momento decisivo.
A conversa que se emendou fluiu tão solta, tão leve, tão agradável, que nos distraímos e continuamos caminhando, sem prestar muita atenção ao caminho.
Eu vinha com sacolas de compras. Você vinha com uma roupa social quente e desconfortável.
Mas, sem percebermos ou nos importarmos com nada disso, seguimos caminhando. Como se eu não sentisse mais o peso das sacolas e você não estivesse fritando naquele terno, nós viemos, caminhando, conversando, conhecendo um ao outro. Ignorando tudo e todos ao nosso redor.
O trânsito desapareceu. As buzinas ficaram mudas. A multidão ficou pálida e homogênea. Só existíamos nós e nossos papos. Só víamos um ao outro e as nossas descobertas.
Mas… o tempo passou. E eu me desviei do meu caminho. Você também não seguiu para onde deveria. E esta rua… bem, ela dá num beco sem saída.
Perdemos o rumo e a noção do tempo. Mas, daqui não podemos mais seguir em frente. E tampouco podemos seguir juntos.
Então… acho que a única alternativa agora é voltarmos àquela mesma esquina, onde tudo começou, e, desta vez, seguirmos a rota certa. Ou melhor, as rotas certas. Eu, a minha. Você, a sua. Cada um para o seu respectivo destino. Cada qual para seu extremo da cidade.