Quando você me deixou, eu pensei que fosse morrer.
E de fato morri.
Um pouco a cada dia.
Porque você me deixou várias vezes.
Me deixou aos poucos.
Foi embora da minha vida muito antes de ter saído de fato.
E eu não resisti.
Deixei que você fosse.
Repetidamente.
Não tentei te impedir.
Não adiei o último suspiro.
Me entreguei à morte iminente.
Ao morrer, te matei também.
E de tanto morrer aos poucos, no fim não passávamos de duas almas penadas vagando entre as quatro paredes que nos sufocavam.
E o nosso final feliz virou apenas final.