Vida: Autor Desconhecido


Sempre imagino que, se existe alguém – um ser superior – escrevendo o rumo de nossas vidas, deve ser um poeta bêbado e amargurado, fumando um charuto fedorento num inferninho qualquer.

A vida, rebelde e atrapalhada como ela só, só pode ser obra de um deus meio Hank Moody, meio Bridget Jones.

Essas infinitas idas e vindas, tropeços e desencontros, não parecem pensadas por um autor genial com algum propósito. Devem, sim, ser traços de um escritor displicente rabiscando a esmo num guardanapo, sem a menor preocupação com forma ou coesão textual.

Na pauta da vida, não há introdução, desenvolvimento e conclusão, tal qual uma bela redação de vestibular – ou um roteiro caprichado, pronto para se tornar um longa-metragem. Soa mais como um desabafo escrito às pressas no desconforto de um metrô.

Não consigo imaginar a vida se tornando um best-seller, pois, nem sempre os personagens são interessantes – e muitos deles sequer têm um final feliz.

Se, realmente, existe alguém escrevendo, de algum lugar, nossos destinos, esse alguém deve ser dono de um sarcasmo cruel e indecifrável – além de uma criatividade bipolar.

Decerto, o autor dessa história sem pé nem cabeça chamada vida está passando por uma grave crise de inspiração – mas, ao mesmo tempo, sofrendo pressão do editor e com o deadline estourado.

Ou, então, vai ver é só mais um pobre diabo sofrendo de insônia e gastando grafite sem saber por quê.

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