Do que eu perdi


Eu já perdi muitas coisas na vida.

Já perdi amores, amigos, empregos, dinheiro, guarda-chuvas principalmente.

Já perdi oportunidades de falar o que eu pensava. E de ficar calada, então, incontáveis.

Eu diria que sou quase uma perdedora compulsiva. O juízo mesmo foi o primeiro da lista a desaparecer.

Eu perco tempo fazendo nada, perco o sono dia sim dia também, e volta e meia perco as estribeiras.

Eu entro em brigas que já sei que vou perder, mas eu acho que gosto mesmo das causas perdidas.

Eu nunca ganho nada em bingo e perco até em campeonato de par ou ímpar.

Eu já perdi – várias vezes – a vontade de viver, a motivação e a empolgação. Já perdi até o rumo de casa.

Eu já cheguei a achar que tinha perdido tudo o que era possível perder.

Até o ponto em que eu perdi a paciência de tentar contabilizar as perdas.

E percebi que a vida não precisa ser como um jogo, no qual há vencedores e perdedores.

E que, no fim de tudo, só pelo fato de continuar tentando, eu já estou ganhando mais do que perdendo.

Comente!