Nesta época do ano, é comum as pessoas ficarem nostálgicas, sentimentais, esperançosas, caridosas, e mais um monte de adjetivos bonitinhos. Como se, de um dia para o outro, ou de um minuto para o outro – entre as 23:59 de 31 de dezembro e a 00:00 de 1º de janeiro – fosse mesmo possível a gente se transformar em outra pessoa, ou o mundo, a vida e sei lá mais o que sofrerem alguma modificação significativa.
Há todo um imaginário, rituais e costumes que envolvem essas datas, mas, por mais que a gente mentalize coisas boas na hora do show pirotécnico e abrace até nossos desafetos, o mundo continua girando na mesma velocidade, as pessoas continuam sendo as mesmas, e você joga o calendário velho no lixo, mas na prática amanhã é tudo a mesma coisa de novo.
Não quero ser aqui a chata amargurada que não vê graça em nada. Mas, infelizmente, não consigo pensar que podemos separar o tempo como se fossem gavetas. “Ok, agora tudo que aconteceu de ruim em 2012 vai ficar trancado nessa gaveta aqui, e 2013 será um ano novinho em folha, limpo, sem interferência nenhuma do ano anterior”. Bullshit.
As mudanças – principalmente aquelas que tentamos impor a nós mesmos – são gradativas, quase sempre sofridas, exigem dedicação, esforço, perseverança. Nos tiram noites de sono, nos colocam em contradição, nos fazem ter a sensação de que enlouquecemos. É um processo lento e gradual. Você não vai mudar de um dia para o outro. Sua vida não vai melhorar só porque daqui a pouco 2012 terá acabado.
Para que alguma coisa melhore, a iniciativa deve partir da gente. Seja em qual esfera for. Não adianta jogarmos essa responsabilidade para o universo, para a sorte, para seja lá quem ou o que for. E tanto faz o dia do ano.
Então, feliz 2013! Mas, de verdade. E que tal começar agora?