Movida a ansiedade


Sou um tipo estranho de criatura masoquista. Foi isso que concluí, em algum momento das minhas elucubrações desencontradas.

Digo isso porque sou inquieta e movida a sentimentos arrebatadores. Uma dessas coisas loucas que me deixam ainda mais maluca é a ansiedade. Ela me corrói, mas eu preciso dela. Como se ela fosse o malandro, e eu, a mulher.

Eu vivo ansiosa, e sei que isso me faz mal. Por outro lado, não sei viver de outro jeito. Eu preciso da expectativa, da adrenalina angustiante da espera, das inúmeras possibilidades que as vésperas de qualquer fato importante (ou nem tanto) oferecem à minha fértil e descabida imaginação. Preciso do coração batendo acelerado, e de sentir o sangue correndo nas veias.

Eu saboreio a expectativa como uma criança que passa o dedo pela cobertura do bolo antes da hora, e fica com os olhos vidrados, na ânsia de chegar ao recheio — e aí, quando finalmente é autorizada a saborear a guloseima, come bem devagarinho, que é para não estragar toda aquela magia da espera de repente.

Porém, depois que chega o aguardado momento e a ansiedade baixa, eu preciso de outra grande espera para me ocupar, me enchendo de aflição, enquanto o tempo parece parar. Acho que por isso estou sempre atrás de novos projetos, novas ideias, novos desafios — e por isso logo fico entediada com tudo.

Não suporto a ideia de monotonia, de estagnação. Ainda bem que motivos para ficar ansiosa nunca me faltam… ou eu já estaria sofrendo uma crise de abstinência.


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