Complexo de Jack Bauer


Lutar contra terroristas, extrair informações ultrassecretas, suportar todo tipo de tortura, desmantelar conspirações governamentais e desarmar bombas atômicas, tudo ao mesmo tempo, e acabar salvando o mundo em 24 horas.

Guardadas as proporções, às vezes eu acho que venho, ao longo da vida, desenvolvendo o que eu mesma intitulei de Complexo de Jack Bauer.

Obviamente, não enfrento esse tipo de perigos – aliás, perigo nenhum -, mas tenho um senso de responsabilidade que me corrói por dentro, como se eu tivesse o dever de resolver todos os problemas do mundo, o tempo todo, bem ao estilo do personagem de Kiefer Sutherland no seriado.

Simplesmente não consigo “deixar para lá”, dizer “isso não é problema meu” (ainda que não seja, de fato!).

A indignação diante de diversas situações, a consternação diante de tantas injustiças que presenciamos diariamente toma conta de mim e eu tenho vontade de ir lá, arregaçar as mangas e, literalmente, mudar o mundo.

Obviamente, eu, que sou apenas um insignificante grãozinho de areia nesse infinitesco deserto, não consigo fazer porra nenhuma nada – afinal, nem os problemas da minha própria vida eu tenho a capacidade de solucionar!. E aí vem a minha velha amiga: frustração.

Agora, eu me pergunto: por quê? De onde é que essa minha cabecinha enxerida tirou que eu, euzinha, uma réles mortal qualquer, tenho responsabilidade sobre o que quer que seja? De qual sinapse mal sucedida surgiu a ideia de que eu posso, devo ou preciso resolver problemas alheios à minha banal existência?

Ainda se eu fosse, de fato, o Jack Bauer, ou tivesse 0,01% da capacidade dele de lidar com crises, maybe


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