“Quero mudar de faixa. Por que esses malditos não me dão espaço? Não entendem que eu preciso ir para a esquerda agora?”

“Olha que cara folgado! Foi burro o suficiente para ficar atrás de um caminhão na faixa da direita, e agora acha que eu tenho que dar espaço para ele entrar na minha frente? Mas não vou deixar mesmo!”

“Por que as pessoas demoram tanto no caixa eletrônico? Será que não percebem que tem mais gente na fila?”

“Cheguei primeiro ao caixa eletrônico, não adianta fazer cara de impaciência. Eu preciso conferir meu extrato aqui e agora para saber que movimentações fazer na minha conta. Quem chegou depois que espere!”

“Que vizinho barulhento! Vê lá se isso são horas de ouvir música alto! Vou reclamar!”

“Eu estou de folga amanhã e meu churrasco com os amigos vai até a hora em que eu quiser. Não me interessa se você consegue ou não dormir com barulho.”

“Eu fumo em qualquer lugar que eu quiser. Os incomodados que se retirem!”

“Será que dá para parar de falar alto, que estou tentando me concentrar no trabalho?”

“Eu falo alto e dou risada mesmo, se você não consegue se concentrar, o problema é seu. Ninguém mandou ser incompetente”.

Frases opostas ditas ou pensadas por pessoas diferentes, certo? Errado. Concepções que podem pertencer exatamente à mesma pessoa, dependendo do momento.

Nós, seres humanos, egoístas por natureza, pensamos assim, de um jeito ou do outro, conforme o contexto em que vivemos.

É por causa de tanto egoísmo que o mundo está do jeito que está. É por egoísmo – que gera ganância, mesquinhez – que as pessoas não respeitam o espaço do outro, roubam, mentem, se corrompem.

É tudo pela supervalorização do eu, e o resto que se exploda!

A sociedade chegou num ponto em que as pessoas estão ficando corcundas, de tanto olhar apenas e o tempo inteiro para o próprio umbigo. Estamos olhando cada vez mais fundo para um grande abismo chamado “eu”.

O egoísmo é tanto que estamos cegos, enxergando apenas o que nos convém. E geralmente o que nos convém não convém a mais ninguém.

Solidariedade, altruísmo e abdicação são palavras tão fora de moda ultimamente!

Agora, estão em alta: individualismo, egocentrismo, exibicionismo, autoafirmação, superioridade, “amor próprio“… Esqueci de algum? É que são tantos…