R.I.P., Love (Amorcídio)


Sou ré confessa.
O crime que eu cometi? Amorcídio.
Matei o amor dentro de mim.
Por quê? Bem… porque nossa relação não estava mais dando certo.
Tudo bem, tudo bem… eu sei que você considera o motivo fútil. Mas, posso garantir que foi em legítima defesa.
Ele estava me matando. Ou melhor: eu estava morrendo do amor. Veja bem, não disse morrendo de amor. Disse morrendo do amor.
Esse amor era envenenado. E se eu bebesse mais uma gota… bem, não estaria aqui te contando essa história.

Matei porque, enquanto ele esteve vivo, eu permaneci na mais absoluta letargia.
Ele me sugava as energias. Não havia vida para nós dois. Era ele, ou eu.
Cheguei a pensar em praticar a eutanásia. Assim, eu morreria, para que ele vivesse plenamente.
Mas, desisti em tempo. E matei. Com requintes de crueldade.
Não foi, porém, um crime hediondo. Foi meramente passional. Nada premeditado.
Agora… bem… num túmulo o qual nunca mais visitarei, jaz o amor que eu matei.
Não pense que foi fácil. Eu passei pelo luto, sim.
Um profundo, doloroso e prolongado luto.
Mas doei os pertences que sobraram, para que não me assombrem pela casa.
E cá estou, cumprindo minha pena. Árdua. Porém, justa.
Mas, não… Não me arrependo.
Tenho antecedentes criminais. Tipo? Amorcídio doloso.

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