Minha história: em construção


Estou escrevendo a minha história. Ora com caneta-tinteiro, ora com um lápis desapontado.
Vou escrevendo em cada pequena atitude e em cada grande decisão.
Com fatos, com fotos, com memórias e pedaços já esquecidos.
Passo a passo, dia após dia, propositalmente ou não.
Rascunhando, improvisando, reinventando.
Com a caligrafia perfeita ou com a mão trêmula.
Ignorando todas as regras e inventando expressões.
Em voz alta ou no silêncio. À luz do sol ou na penumbra.
Num papiro requintado ou num papel de pão.
Por inspiração, por compulsão ou a título de sobrevivência.
Não é uma história digna de virar roteiro de cinema, mas faz rir. E faz chorar. Faz confusão. Ousada e anacrônica, cliché e metamorfósica. Não linear. Sem formatação.
Os pedaços se confundem. Os desdobramentos se entrelaçam.
Há capítulos alegres. Há capítulos melancólicos. Há notas de rodapé e ideias desconexas.
Há páginas perfumadas – e há trechos manchados por lágrimas.
Há páginas que gostaria de arrancar. E algumas que ainda estão em branco.
Sem grande apego à forma, o que vale é a intensidade.
Um clímax aqui, outro acolá: remendando o enredo, perdendo o fôlego e recuperando a consciência.
Assim escrevo, com muito mais que um alfabeto. Com cada célula do meu corpo e a cada nova interjeição.

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