Eu achava que eu tinha de caber em você. Na tua vida, nos teus planos, nas tuas verdades.
Achava que eu tinha de me encaixar nos teus gostos, nos teus modos, nos teus moldes.
Eu pensava que tinha que de me adaptar ao teu mundo, ao teu espaço, à tua rotina.
Achava que ser (como) você era o modelo perfeito.
Eu acreditava que tuas escolhas tinham de ser as minhas, que minha cara tinha de ser um reflexo da tua, que nossas cores tinham de ser complementares.
Eu vivia perseguido esse ideal, essa fórmula, essa razão de existir.
Eu precisava da tua aprovação, da sua admiração, da tua permissão, até.
Para gostar, para fazer, para ser.
Passava a vida ao teu lado tentando agradar, tentando mudar, tentando me lapidar.
Mas acontece que um dia eu percebi que tuas medidas não me serviam. Que respirar você me sufocava. Que tuas verdades não me sustentavam. Que meus olhos podiam, sim, enxergar além dos teus.
Eu compreendi que, realmente, eu não era boa o suficiente para você. Porque eu não era para você.
E resolvi que não queria mais me sentir desproporcional, desajeitada, descabida.
Decidi que não seria mais uma sombra, um acessório, mera coadjuvante.
E então me libertei de você, da tua prisão, das tuas imposições.
E resolvi viver segundo as minhas regras, cores e formas.
Eu descobri que fico muito mais confortável em mim.