Pedaços


É difícil voltar a colar os pedaços quando muitos deles já se esfarelaram.

Você apela para o Super Bonder, Durepoxi, Fita 3M, cola de sapateiro, cuspe, remendo de pneu de bicicleta, mas parece que nada segura as partes todas no lugar de novo.

E, ao contrário de um quebra-cabeças, em que cada pecinha tem um lugar correto, na vida às vezes você tapa um buraco com um fragmento que não pertence ali, a montagem parece que fica meio torta, meio disforme, mas é o que tem pra hoje, então segue o baile.

No fim das contas, você acha que está se reconstruindo, mas termina parecendo uma obra duvidosa de Romero Britto.

E essas gambiarras emocionais podem até fazer a máquina voltar a funcionar por um tempo, porém logo arrebenta tudo de novo e os pedaços voltam a se esparramar pelo chão.

Bom se fosse fácil como um Lego, em que as peças todas fazem sentido umas com as outras.

Mas, a vida está mais para tentar consertar um vidro quebrado com cola Tenaz para papel.

E é um exercício exaustivo manter a estrutura toda no lugar, quando, na verdade, às vezes, o negócio é aceitar que não dá mais para consertar nada, e que o melhor é recomeçar do zero mesmo.

Como num episódio de Irmãos à Obra, tem horas em que a única coisa realmente útil é uma marreta, para quebrar tudo de vez e se recriar num novo conceito.

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