Cicatrizes


Minha história poderia ser contada por estas marcas. São cicatrizes de guerra. Uma guerra chamada vida.

São resquícios de fracassos, de derrotas, de vexames. São marcas de tombos, de feridas expostas, de dores dilacerantes.
São provas incontestáveis de uma natureza humana, perecível, frágil e defeituosa. São evidências absolutas de que a agonia é quase palpável.
Cada uma, porém, é uma medalha. São sinais, também, de resistência. Gritos de sobrevivência.
Estas cicatrizes esboçam um mapa de idas e vindas, de rotas erradas e caminhos alternativos, de ruas sem saída e de vias de mão única.
Nos traços tortuosos, escrevem, capítulo a capítulo, esta biografia. Constroem, continuamente, minha identidade.
Mas, estas marcas são invisíveis a olho nu. Não se escancaram sobre a pele. Acumulam-se na memória. Fazem da alma uma colcha de retalhos. Um mosaico de sequelas e lições. De danos e redenções.
*Para ler ouvindo Johnny Cash – Hurt

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