É o quase que me mata.
O não definitivo, eu suporto.
O nunca, taxativo, eu aceito.
Mas o quase é sarcástico.
O quase é um não dissimulado.
É uma negação eufemizada.
O quase é traiçoeiro.
Ele fomenta a expectativa.
E depois te oferece um prêmio de consolação.
O quase é a derrota adiada.
É a incompletude.
A distorção.
O quase é sempre um excesso.
Ou uma falta.
É um descompasso.
Um tropeço.
É um milímetro que faltou.
Um detalhe que sobrou.
Uma lacuna que ficou.
O milésimo de segundo adiantado.
Ou atrasado.
O quase destoa.
Desafina.
Incomoda.
Estraga.
Dói.
O quase não é o nada.
Tampouco é o tudo.
O quase perpassa o meio.
Mas não chega ao fim.