Bem… Não foi fácil reabrir este lugar. Ele ficou fechado durante um bom tempo. E eu jogara as chaves fora. Pensava que nunca mais precisaria delas – ou que, para o meu próprio bem, era melhor que não as tivesse mesmo.

Felizmente, o tempo passou e eu mudei de ideia. Não precisei de uma picareta para arrombar a porta. Com jeitinho e paciência foi possível destravar as trancas.

Não repare. Está tudo bagunçado por aqui. Já retirei alguns entulhos e pus fora o que estava quebrado. Mas, ainda há algumas lembranças empilhadas num canto e o espaço carece de uma boa faxina.

Este aqui, o cômodo principal, está bem sem graça, eu sei. Com exceção do salão de festas, frequentado pelos amigos, e da suíte presidencial da família, o restante está apático.

A decoração um dia fora alegre, mas, quando resolvi interditar o local, eliminei quase tudo que era colorido. E não tive entusiasmo para adquirir nada novo.

Como você bem pode ver, a fortaleza construída ao redor não protegia nenhum patrimônio, apenas tinha a função de manter distante quem viesse aqui só para depredar.

Sabe, eu passava muitas horas aqui, procurando os defeitos, as infiltrações, tentando identificar as rachaduras. Sem sucesso, resolvi simplesmente deixar o local fechado até… Bem, aparentemente, até agora.

Acho que um pouco de ventilação e sol fará bem ao ambiente. E, com algum empenho, também é possível redecorar as paredes e devolver o aconchego que já imperou por aqui.

Pode parecer um trabalho árduo, mas, quem sabe, esse coração abandonado possa ser recuperado e passível de ser habitado novamente?