Improbabilidades


O que seria da vida sem emoções avassaladoras? Sem aquele friozinho na barriga que nos corrói às vésperas de um acontecimento muito esperado?
Que graça teriam nossos dias sem paixões, sem algumas pitadinhas de ilusão, e até mesmo sem algumas decepções?
O que seriam de nossas certezas, se não existissem as rupturas, as transgressões, as desconstruções?
Quão monótona seria nossa existência sem situações memoráveis milhares de vezes contadas e recontadas?
Como conheceríamos a verdadeira plenitude, sem também experimentar alguma tormenta, um tiquinho de desassossego?
De que seriam feitas nossas histórias, se não de imprevisibilidades, de improvisos?
Não seria pra lá de chato se tudo sempre saísse conforme o planejado? Se tudo fosse reto e morno?
Que proveito tiraríamos do caminho, se não houvessem os percalços, o medo, a dúvida, o recomeço?
Que sentido teria nossa trajetória sem um toque de loucura? Que cor haveria em nossos dias, não fossem as situações inusitadas?
O que seria de nós, afinal, sem esse quê de irracionalidade que são os sentimentos?
O que nos tornaria humanos, se não essa completa instabilidade que dá tempero à vida?

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