Desajustados


A gente passa a vida tentando caber.
Caber em roupas que não têm nada a ver com a gente.
Caber em estereótipos que não nos representam de verdade.

A gente tenta, dia após dia, se encaixar.
Se encaixar em ambientes que só fazem a gente se sentir esquisito.
Se encaixar em padrões de beleza, de comportamento, de moral e bons costumes, sem ao menos ter certeza do porquê.

A gente passa a vida tentando agradar. Buscando aprovação. Ansiando por admiração.
E o que é que a gente ganha, além de sorrisos amarelos e meia dúzia de tapinhas nas costas?
Eu não sei. Mas sei o que a gente perde.

A gente vai perdendo, gradativamente, a espontaneidade, a individualidade, a originalidade. Vai perdendo a identidade.
Vai se afundando num mar de frustrações e acaba se deixando levar pela corrente do mais do mesmo.
Se acomoda numa imensidão monocromática e passa a repetir, em coro, as mesmas “verdades” consagradas.
E, assim, a gente acha que tá ganhando. Acha que tá agradando. Acha que tá se encaixando. Acha que tá cabendo. Só acha.

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