“Você não vai se adaptar aqui”. Ouvi esta frase de uma pessoa que me conhecia há menos de cinco minutos. Que não sabia um parágrafo da minha história. Que se achou no direito de me julgar não sei com base em quê.
Contive o ímpeto de dar uma resposta malcriada. Não achei que valeria a pena entrar nos pormenores da minha vida e dos motivos que me levaram às decisões que tomei. Não era da conta dela.
Pensei, sim, em dizer a ela que sou muito mais adaptável do que ela pensa. Em enumerar meus fracassos e recomeços e contar que já sobrevivi a ambientes e comentários muito mais hostis. Mas, seria perda de tempo.
Cheguei a cogitar uma pequena explanação sobre o quanto as mudanças são necessárias na vida. E de repente até contar algumas das mudanças que fiz – das quais não me arrependo de nenhuma. Mas, deixei para lá.
Por um instante, me imaginei dizendo a ela que eu era muito mais “casca grossa” do que aparentava, mas não vi razão para tentar me “justificar”, ou para tentar provar qualquer coisa.
Percebi, afinal de contas, que sempre vai haver quem tente nos diminuir e nos desmotivar. Nem todo mundo deseja o nosso bem. Nem todo mundo quer nos incentivar. E eu aprendi a lidar com isso. E aprendi a neutralizar esse tipo de comentário.
“Você não vai se adaptar aqui”, ela me disse.
Eu apenas sorri e respondi: “vou, sim”. Nada mais precisava ser dito.