Medo


Eu não tenho medo de barata.
Nem de aranha.
Não tenho medo do escuro.
Muito menos de altura.
Não tenho medo de dirigir.
Não tenho medo da morte.

Não tenho medo de agulha.
Tampouco de água.
Não tenho medo de cachorro.
Não tenho medo de ficar sozinha.
E nem um pingo de medo de filmes de terror.

Mas tem algo que me aterroriza.
Que me tira o sono.
Tem um medo que me consome.
E não é de fantasmas.
Mas é o medo de não encontrar a plenitude.
De não ver sentido em nada.
De chegar à conclusão que a vida é só mesmo um acidente biológico e que estar aqui tanto faz como tanto fez.
O meu medo, mesmo, é pensar que, no fim das contas, terá sido tudo em vão e amanhã será como se jamais tivéssemos existido – exceto por algumas poucas linhas registradas num website qualquer.

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