Você provavelmente acha que me conhece. Mas, permita-me, então, esclarecer quem eu não sou.
Eu não sou essa pessoa forte e decidida que você enxerga. Essa é só quem eu tento ser.
E não sou aquela que tem todas as respostas. Bem que eu gostaria, mas, desculpe te desapontar. Meu repertório é muito mais vasto em perguntas.
Não sou, tampouco, um expoente de inteligência e dotada de sacadas geniais. Digamos que às vezes eu dou uma dentro. Apenas. Nada fora do comum. Não se admire com isso.
E nem sempre eu sou aquela que faz piada de tudo e dá gargalhadas escandalosas. Essa é só uma versão que aparece ocasionalmente.
E vou te contar que também não sou aquela que está sempre segura de si e não tem medo de nada. Pra falar a verdade, eu me apavoro com tanta coisa que você nem imagina. E vivo metendo os pés pelas mãos.
Por favor, não pense que eu sou aquela que fala palavrões indiscriminadamente e sem um pingo de pudor. Esse é só o meu lado sem classe.
E quem me dera eu fosse essa pessoa desprovida de remorsos que muitas vezes aparento. No fundo, no fundo, eu até que sou bem atormentada por alguns deles.
Me perdoe, também, por não ser aquela que terá sempre bons conselhos para dar. Às vezes, eu não sou a pessoa mais indicada para opinar.
Não se iluda com essa fachada de quem não se sensibiliza com nada. Essa é só a minha armadura, meu mecanismo de defesa.
Desconsidere, inclusive, esse jeitão enérgico e rude. É só que às vezes meus instintos ficam meio descalibrados, mas não é por má intenção.
Sabe, eu realmente não sou essa que você vê.
Até me pareço um pouco com ela, mas quem eu sou de verdade é mais difícil enxergar. Há coisas que ficam meio ofuscadas perto dessa casca espalhafatosa e já tão estereotipada.
Porém, não há nada de errado em você pensar que eu sou tudo isso. No fim das contas, esses aspectos talvez sejam o que eu tenho de razoável. Pois algumas verdades só são relevantes para mim mesma.