Você sempre puxa conversa, como quem não quer nada, sobre aqueles teus amigos que vão se casar em dezembro. E tece comentários aleatórios sobre relacionamentos, elabora teorias malucas sobre namoro e casamento, e finaliza com uma frase de efeito, me dando a deixa para continuar o assunto. E eu, como sempre, desvio do tema como o Neo desvia das balas em Matrix. Desculpe, baby, não é descaso e não pretendo ser rude, mas é que eu já me liguei nessa tua estratégia e não vai funcionar comigo. Porque eu não quero falar de amor.
Sabe, a gente pode conversar sobre tanta coisa. Vamos falar sobre como o clima de Curitiba é maluco. Vamos comentar a crise econômica. Vamos assistir à TV Senado e falar mal dos políticos. Vamos ao parque rir dos bonitões que correm sem camisa para mostrar o abdome definido enquanto a gente toma nossa cerveja. Vamos discutir se vai rolar levar o ser humano pra Marte ou não. Vamos debater a carreira do Wagner Moura. Mas, por favor, eu não quero falar de amor.
Eu sei que você gosta de tudo dito, reiterado e explicado. E me desculpe, eu não quero te desapontar. Mas, sou péssima em falar sobre esses assuntos. Sou mais desajeitada com as palavras que com os ingredientes que derramo no fogão inteiro enquanto cozinho. Tropeço mais nas frases que nos tapetes que vivem embolados pela casa.
E, além do mais, eu não tenho nada de bonito para dizer sobre o amor. Posso até arriscar uma citação de Chico ou Caetano, mas soará tão artificial quanto aquela pipoca de micro-ondas sabor bacon que você odeia. Por isso, prefiro não falar de amor. Porque não quero ter que te contar que eu nunca tive muita sorte com isso e que minhas parcas teorias sobre o assunto são baseadas em sucessivos relacionamentos malsucedidos e términos que me despedaçaram.
Veja bem, não me entenda errado e não me leve a mal. Eu não quero teorizar e não quero falar de amor. Permita-me aprender sobre o assunto da melhor forma que conheço: vivendo-o. Com você.
A postos.