Máquina do tempo


De todas as coisas mirabolantes que ela imagina, ou que vê nos filmes e séries de ficção científica, a que mais gostaria que existisse de verdade é uma máquina do tempo.

Poderia ser uma máquina descoladona, como um Delorean, ou algo mais disfarçado, como uma Tardis, mas o importante, mesmo, é que fosse possível transitar para outras épocas, passear por lugares e tempos que ela nunca terá a oportunidade de conhecer.

Seja pra voltar (ou avançar) décadas, séculos ou apenas alguns segundos, ela sempre achou muito injusto que a gente não possa ter absolutamente nenhum controle sobre o tempo. Que a gente não possa congelá-lo, rebobiná-lo, avançá-lo, ou viver novamente determinadas situações quantas vezes a gente quisesse.

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Ela acha um absurdo que tudo possa ser registrado em fotos e vídeos, mas que, uma vez dado o clique, a gente passe a ser mero espectador de algo que nós mesmos vivemos. Ou que talvez a gente não tenha a oportunidade de passear num cenário futurístico confortavelmente sentados em nossos carros voadores.

Ela nunca aceitou que o tempo tenha de ser linear, exato, que todas as horas tenham a mesma duração, e todos os dias, a mesma quantidade de horas.

E mesmo com toda essa exatidão, às vezes, ela acha que o tempo passa rápido demais. Outras vezes, devagar demais. E, assim, ela sente-se sempre descompassada, anacrônica, deslocada, aprisionada na hora errada do dia errado. E o tempo, inexorável, é cruel demais para com o seu jeito saudosista e, ao mesmo tempo, ansioso de ser.

No seu universo paralelo, onde ela se refugia quando seus pensamentos se desconectam da realidade, ficção e realidade se misturam, calendário e relógio não são bem-vindos, e suas quimeras embarcam num meio de transporte que já tem fila de espera para a compra de passagens.


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