Neste momento, conclamo todas as minhas amigas, as nem tão amigas assim, azinimigas infiltradas, você aí que nem sabe por que eu estou no seu feice*, e qualquer um que esteja se perguntando por que raios eu tô botando uma foto da minha fuça aqui hoje, convido a todas pra gente falar um pouco sobre feminismo.
Eu ouço e leio muita gente desinformada (e algumas pessoas até mal intencionadas) desvirtuando o feminismo, tentando ligar as feministas a um partido político, ou atribuir a elas (a nós, já que me considero uma) atos relacionados à falta de higiene, escatológicos até, para desmerecer o que é, na verdade, um dos movimentos mais importantes da humanidade, na minha opinião.
Eu tenho várias amigas, inclusive, que nem se consideram feministas porque acham que feminismo é ir protestar pelada etc. Bem, não que não possa ser, mas não é disso que se trata. Vim aqui hoje pra desmistificar esses estereótipos.
Se hoje nós, mulheres, temos direito a votar, a dirigir, a trabalhar fora, entre diversas outras coisas que fazemos cotidianamente, é graças ao feminismo. Talvez muita gente não valorize isso, mas são conquistas e tanto.
E, ao contrário do que possa parecer, ainda não estamos numa situação confortável, de equidade, e ainda temos muito o que conquistar. E não, não é mimimi.
O feminismo defende, por exemplo, que a gente não seja preterida numa entrevista de emprego, só pelo fato de ser mulher, porque pode engravidar, ou porque já tem filhos e pode vir a precisar faltar se o filho ficar doente.
O feminismo defende, pura e simplesmente, que a gente não seja vista como inferior a um homem, que nosso gênero não seja critério para não sermos promovidas no trabalho, se tivermos as mesmas qualificações (ou até mais) que um homem, ou que nosso gênero seja motivo pra gente ganhar menos, mesmo que exercendo a mesma função.
O feminismo luta para que nós possamos decidir sobre nossos corpos, sobre nossas roupas, sobre se queremos ou não engravidar, se queremos ou não nos casar. Que não sejamos julgadas pelo tamanho da nossa saia ou pela cor do nosso batom.
A gente só quer que as decisões individuais caibam somente a nós, e mais nada. Hoje, ainda estamos o tempo todo sendo julgadas e tendo que ouvir dos outros sobre como devemos agir e nos comportar. Eu costumo dizer que a vida do homem é do homem; a da mulher é da sociedade. E isso cansa, sabe?
O feminismo quer que a gente possa sair na rua e se sentir segura, sem que necessariamente tenha que ter um homem ao lado – veja bem, se você só me respeita se eu estiver acompanhada, na verdade seu respeito é pelo outro homem, e não por mim. Eu quero ser respeitada, independentemente de ser solteira ou casada. Respeito não é condicional e nem terceirizável.
Mas, olha, já melhorou.
Até algum tempo atrás, só pra citar um exemplo bem bobo, a gente era obrigada a adotar o sobrenome do marido. Hoje, isso é opcional. Vejam como estamos superando pouco a pouco a hegemonia do patriarcado. Hoje, há mulheres que se casam e são vistas como parceiras do marido, e não como propriedade dele. Não é legal?
Mas nem todas têm essa sorte de se relacionar com alguém bacana. E sabe o que é coisa de feminista também? Poder romper um relacionamento abusivo. Hoje, nós temos esse poder de dizer basta. Não somos obrigadas a permanecer com alguém que nos maltrata, seja psicologicamente ou fisicamente, como provavelmente muitas de nossas avós ou bisavós tiveram de se submeter.
Eu conheço mulheres incríveis, que sustentam a casa e os filhos sozinhas, que trabalham, estudam e ainda – pasmem! – encontram tempo para ir à academia, ao salão de beleza, enfim, são donas da porra toda. E nada disso é mimimi.
E conheço mulheres que optaram por ficar em casa e serem ‘do lar’, que preferem se dedicar aos afazeres domésticos e aos filhos. E tá tudo bem também, sabe por quê? Porque o feminismo defende que a mulher possa optar, inclusive, por isso. Sem julgamentos. A vida é dela, e é ela quem decide.
Então, pra mim, o feminismo é isso. É apenas igualdade de direitos, de oportunidades e de escolhas. Não queremos nos sobrepor aos homens. Equidade pressupõe estarmos lado a lado, sendo amigos, companheiros, cônjuges, colegas de trabalho, ou seja lá o que for, com respeito e parceria, sem jamais um querer sobrepujar o outro.
Ah, e dá pra ser feminista e ser ‘feminina’ e limpinha sim, viu? Botei minha desnecesselfie aí só pra mostrar que eu amo me arrumar, me cuidar, usar batom, andar cheirosa… E ainda assim sou feminista pra caralho.
É isso, gente. Vamos parar de discriminar as feministas? Espero ter ajudado a elucidar um pouco o tema.
E, lembrem-se: Lugar de mulher é onde ela quiser!
*Texto originalmente publicado em meu perfil do Facebook.