Carta para Deus


Olá, Deus. Primeiramente, me desculpe se eu não estiver usando o linguajar e a plataforma correta para me dirigir a Vossa Divindade. Mas, sendo Você onisciente, onipotente e onipresente, nutro a esperança de que esteja lendo isso – ou que venha a ler num futuro próximo.
Bem, eu nunca fui uma pessoa religiosa – pelo menos, não no sentido ortodoxo. Até fui criada com valores católicos, mas preciso ser sincera: abstrações não são o meu forte, e a imagem divina que a gente tem por aqui me soa meio fantasiosa demais – sem querer ser desrespeitosa, claro.
Mas, de alguma maneira, eu ainda acredito (ou quero acreditar) que exista alguma força, algum ente, alguma energia maior que nós que possa dar sentido a tudo isso que está acontecendo aqui embaixo. Porque, às vezes, o cansaço bate forte e as injustiças que nos cercam acabam com todo e qualquer fiapo de esperança de dias melhores.
Chego a invejar – confesso – essas pessoas que conseguem se apegar a uma fé inabalável de que tem alguém aí em cima cuidando da gente; de que, no tempo apropriado, tudo vai dar certo; de que se você for uma pessoa boa, coisas boas acontecerão com você; de que tudo faz algum sentido, afinal.
Porque, no fim das contas, é tão solitária essa vida meio cética, meio cínica, meio caótica e com essa sensação de ser totalmente aleatória e pura e simples coincidência biológica.
Então, Deus, espero que você exista. E, se você existir, espero que você seja realmente todo misericordioso e esteja olhando por nós, meros mortais, dotados de polegar opositor mas ainda tão cheios de falhas e fraquezas.

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