Volta e meia, dou uma olhada nas minhas “lembranças do Facebook” e, frequentemente, apago alguns posts antigos – seja por terem sido posts fúteis, seja por aparecerem neles pessoas que já não mais fazem parte da minha vida.

Felizmente, virtualmente, é possível apagar nossas “lembranças”. Mas, e na vida real?

Quantas vezes desejamos uma ferramenta que apagasse nossas memórias, seletivamente, como no filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças?

Quem nunca desejou esquecer que um dia conheceu aquele ex, ou que teve determinada atitude vergonhosa? Seria muito mais fácil se nossa mente funcionasse como uma memória digital, não seria? Apagar, esvaziar a lixeira, problema resolvido.

Mas, infelizmente, nosso cérebro ainda é muito mais complexo que o melhor dos computadores, e nós parecemos estar condenados a viver com determinadas lembranças pelo resto de nossas vidas.

As memórias boas, é claro, nós gostaríamos de emoldurar e pendurar na parede, se possível. Mas, as ruins… essas nos maltratam. Nos tiram o sono. Jogam nosso ânimo lá pra baixo. Fazem a gente se questionar de novo e de novo sobre um milhão de possibilidades… “mas, e se…?”

O fato é que nossas memórias estão ali, e elas têm uma razão para estar. Elas são os alicerces sobre os quais edificamos nosso caráter. É com elas que aprendemos, que crescemos, que evitamos cometer os mesmos erros do passado.

Nossas lembranças nada mais são do que capítulos da nossa história. Você consegue imaginar o seu livro favorito faltando alguns capítulos? Pois é.

É por isso que a natureza, sábia como ela só, permite que a gente esqueça o que comeu no almoço de ontem, mas normalmente nos obriga a rememorar, com precisão de detalhes, um fato que nos causou imensa dor ou imensa alegria. Porque aquele fato certamente foi um momento de ruptura, que nos levou para outros caminhos, que mudou nossas percepções e talvez até mesmo nossas convicções.

As memórias não são meros registros de fatos, guardados em uma determinada área do nosso cérebro por força do acaso. São partes fundamentais da nossa biografia, cuidadosamente selecionadas para que a gente nunca se esqueça de onde veio e para onde deseja ir.