Saudade não tem hora nem lugar. Quando resolve vir, bate com violência e nos faz chorar mesmo no melhor dos dias.
Hoje foi a vez de sentir saudade da minha avó materna. Eu tenho muitas lembranças dela, especialmente da minha infância, pois ela morava na nossa casa até meus dez anos de idade.
Então, quando eu era pequena, passava muito tempo com ela. Meus pais trabalhavam bastante, então na maior parte das vezes era ela quem me levava para a escola, me levava ao parquinho, brincava comigo, me levava passear pelo bairro para comer frutas direto do pé por aí. Todas as minhas memórias da infância com ela são muito felizes.
Há alguns dias eu tenho estado ranzinza, porque meu dedo quebrado ainda dói, e por estar imobilizado tem diversas coisas que eu não consigo fazer direito, o que aumenta consideravelmente minha irritabilidade.
Hoje, numa dessas ocasiões em que fiquei P da vida, foi como se a voz dela viesse à minha cabeça, com a frase que ela usava sempre quando eu ligava o modo reclamona: “isso só acontece com quem está vivo”.
Neste instante, ao me lembrar dela e de seus ensinamentos, as lágrimas rolaram pelo meu rosto.
Realmente, nada mais pode acontecer com ela. Ela nos deixou há 11 anos, e sua ausência ainda dói. Esse buraco que sua partida deixou parece que nunca vai cicatrizar.
Mas, volta e meia, eu me pego lembrando dela. Da sua paciência para comigo. Do seu amor pelas plantas e pelos animais. Da sua simplicidade e do seu capricho em tudo o que fazia. Da sua doçura mesmo quando eu era amarga. Ela foi uma das pessoas mais carinhosas que eu conheci na vida.
Hoje, foi um desses dias em que a saudade bateu forte, e tudo o que eu queria era poder vê-la mais uma vez. Mas, há coisas que realmente só acontecem com quem está vivo. Ter saudade é uma delas. E gratidão por ter tido uma pessoa tão maravilhosa em minha vida, também.
P.S.: Te amo, vó, para sempre.