Boto o celular no silencioso para criar a falsa ilusão de que não vou atender se você ligar. Abro um livro, preparo um chá, coloco uma roupa confortável e tento montar um cenário que pareceria, a olhos desatentos, de paz e relaxamento.
Mas meus olhos passam pelas linhas do livro sem decodificar uma palavra sequer. Meu semblante compenetrado é pura fachada para disfarçar o coração acelerado. A ansiedade me consome. De canto de olho, espio o celular a cada dois minutos.
Digo para mim mesma que é melhor assim, que prefiro não ter mais notícias suas, que tudo ficou no passado e de agora em diante vou pensar só em mim.
Mas, na minha cabeça, teu sorriso continua passando como se fosse um filme, tua voz ainda está impregnada nos meus ouvidos, e à noite não durmo sentindo falta do teu abraço.
Sei que tentei parecer desencanada, como se absolutamente tudo que a gente viveu tivesse sido absolutamente trivial. Mas tive que engolir o choro na nossa despedida, e secretamente desejei que você sentisse o mesmo.
Hoje, teu silêncio me sufoca. Teu sumiço me joga num abismo de autocomiseração e melancolia. Minha mente entra em looping tentando encontrar respostas.
Permaneço imóvel em minha solidão, me alimentando de esperanças cada vez mais tênues e improváveis.
Lá fora, o mundo continua girando, mas aqui dentro a única força que me move é o desejo da tua volta.