O relógio parado


Eu tenho, na minha casa, um relógio parado. É um relógio daqueles antigos, de ponteiros, do tipo que se usava como despertador. Eu não uso esse relógio para ver a horas. Comprei só para usá-lo como decoração, admito.

Quando ele era novo, eu até coloquei pilhas – que, num dado momento, acabaram. E ele está parado desde então.

Mesmo assim, o relógio está lá na minha estante, e volta e meia eu penso em trocar as pilhas para vê-lo funcionar novamente. Mas, logo desisto, porque sei que não vou olhar as horas nele. Mas continuo apreciando-o como objeto decorativo para dar um ar vintage à casa.

Às vezes, eu acho que sou um pouco como esse relógio parado. Em grande parte do tempo, me sinto estagnada e obsoleta – talvez apenas mais um adereço neste mundo, que acaba passando despercebido porque, tecnicamente, não tem mais nenhuma função.

Mas, nada está perdido porque, como dizem por aí, até mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia.

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