Amores rarefeitos


Se o amor está no ar, ele está cada vez mais rarefeito. Há dias em que a gente respira fundo, quase explode os pulmões, tentando inspirar algumas partículas de amor, mas acaba mesmo é com falta de ar.

De vez em quando, a falta de amor sufoca. Estamos pálidos, fracos e letárgicos, provavelmente por falta de vitamina D e daquele monte de hormônios da felicidade que o amor produz.

Dizem que o amor é abstrato, mas, sua ausência é palpável, quase sólida. As partículas de desamor são tóxicas para as vias respiratórias – e principalmente para sistema cardiovascular.

As cidades andam cada vez mais cheias, e os corações, cada vez mais vazios. A gente consegue inalar poluição, germes, vírus da gripe… mas, amor, que é bom, nada.

Tal qual o oxigênio, o amor anda raro e cada vez menos puro. Não sei se alguém algum dia já morreu de insuficiência amorosa-respiratória, mas sei que nem pulmões nem corações se enchem com migalhas.


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