Eu sinto


Eu sinto sono, mas, o descanso que eu preciso não pode ser obtido com oito horas de repouso por noite.

Eu sinto fome, mas alimentos passando pelo meu sistema digestivo não saciam meu apetite por mudanças.

Eu sinto sede, mas água nenhuma revigora quando já estou murcha demais.

Eu sinto tesão, mas conexões meramente físicas não levam minha alma ao orgasmo.

Eu sinto frio, mas casacos não aquecem tanto quanto aquele abraço.

Eu sinto vontade de gritar, mas minha garganta já está rouca de tanto jogar palavras ao vento.

Eu sinto vontade de correr, mas minhas pernas me traem, e meus pulmões não dão conta de absorver todo o oxigênio que eu preciso para sair desse sufoco.

Eu sinto saudade, mas a falta que você me faz agora não pode apagar a falta que eu sentia mesmo quando você estava presente.

Eu sinto medo, mas me travesto com minha fantasia e minha máscara de coragem e continuo o show.

Eu sinto dor, mas tomo um analgésico para o corpo enquanto espero uma solução milagrosa para a alma.

Eu me sinto fraca, mas cotidianamente tiro forças sabe-se lá de onde para continuar.

Eu me sinto tão pequena e, ao mesmo tempo, parece que eu não caibo em lugar nenhum.

Eu sinto raiva, amor, desespero, desânimo e frustração, tudo misturado e chacoalhando.

E mesmo nos momentos em que parece que eu não sinto mais nada, é só fazer silêncio para escutar lá no fundo um turbilhão de emoções efervescendo.

Eu sinto tudo, e sinto tanto, o tempo todo.

E tudo o que eu sei é que eu sinto… muito.

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