A gente era feliz. E sabia.


Em períodos de reclusão, é completamente normal começar a bater a nostalgia. Minha timeline está repleta de fotos de pessoas recordando momentos legais que viveram. Eu mesma tenho praticado o exercício de resgatar fotos antigas e ficar apenas olhando e lembrando da ocasião, ou postá-las nas redes sociais.

Mas o fato é que, ao contrário da frase popular, que afirma que “a gente era feliz e não sabia”, a gente sabia, sim.

A gente sabia que era feliz por poder sair de casa na hora em que bem entendesse. A gente sabia que, apesar do cansaço da rotina, a gente era feliz por ter um emprego para onde ir todos os dias.

A gente sabia que era feliz por poder ir tomar uma cerveja com os amigos no fim de semana, ou por poder ver aquele filme tão aguardado na estreia no cinema.

A gente sabia que era feliz pra caralho por poder andar no parque com nossos cães, por poder pedalar, por poder desfrutar dos almoços de domingo com nossas famílias – mesmo que almoços em família sempre tenham treta.

A gente tinha plena consciência de que era feliz por poder jantar fora de vez em quando, por poder viajar de classe econômica num avião apertado para rever as pessoas que amamos ou conhecer lugares novos.

A gente era feliz, e sabia, porque podia ir à praia, abraçar os amigos, compartilhar uma roda de mate.

A gente era feliz – e sabia – com todas as pequenas e as grandes coisas do dia a dia. Só que é absolutamente intrínseco ao ser humano sempre querer mais, sempre almejar ir além, nunca se contentar com o que tem. E por isso a gente vivia reclamando.

Mas, no fundo no fundo, a gente sabia, sim.

Comente!