Quando o mundo está em silêncio


Os dias são barulhentos. Trânsito, telefone, campainha, construção, televisão, máquina de lavar.

Os ruídos nos distraem o tempo todo.

Mas, com o passar das horas, as pessoas vão se aquietando. O volume da televisão vai baixando, as janelas vão se fechando. O silêncio vai invadindo todos os cômodos.

As luzes se apagam, a cabeça se acomoda no travesseiro. O silêncio agora é sepulcral.

Sem mais nada para se distrair, a cabeça começa a funcionar a mil. Lembranças, desejos, conversas inacabadas, diálogos impossíveis. Um turbilhão toma conta de uma mente que só quer descansar.

O aperto no peito é inevitável, a sensação de falta de ar é aguda, o desespero se instala. Pensamentos às vezes são mais barulhentos que o alarme do vizinho.

No fundo, no fundo, a gente sabe que não tem medo do escuro. O que assusta, mesmo, é quando o mundo lá fora está em silêncio, e conseguimos ouvir o mundo aqui dentro gritar.

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